A Mansarda será a casa dos artistas para quando a “vida lhes trocar as voltas”
O que é que acontece quando a vida nos troca as voltas? A pergunta perseguia a directora de casting, Patrícia Vasconcelos, sempre que se punha a pensar no mundo artístico por onde anda e sempre andou. Como seria quando a vida puxa o tapete, quando falta o trabalho? E como seria ter uma casa que acolhesse, que apoiasse artistas de várias artes, onde houvesse ao mesmo tempo arte, criatividade?
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Patrícia Vasconcelos queria que esta fosse uma casa alegre, que fosse além do acolhimento. Que fosse, no fundo, “uma continuidade das profissões, das vidas activas”, onde os artistas mais velhos e os mais novos pudessem partilhar conhecimento. A ideia acabou mesmo por tomar forma e agora, passados cinco anos, a Mansarda foi, esta quinta-feira, apresentada. Será uma residência para artistas com 80 quartos, metade dos quais reservados para residência permanente e a outra metade para residência temporária, havendo quartos simples e duplos.
Para se contar a história deste projecto é preciso recuar cinco anos, quando Patrícia Vasconcelos mobilizou um grupo de amigos por uma causa, mas também por uma casa. A Mansarda nasceu, em forma de associação no final de 2014. Na lista de fundadores estão nomes como o do actor Miguel Guilherme, o coreógrafo Jorge Salavisa, o fadista Camané, o ex-ministro da Cultura José António Pinto Ribeiro, a jornalista Anabela Mota Ribeiro e o escritor Rui Cardoso Martins. Em 2016, a associação passou a instituição privada de solidariedade social (IPSS).
Esta quinta-feira, passados cinco anos, começaram a dar-se os primeiros passos para a concretização desta residência permanente ou temporária de pessoas que tenham estado ligadas às áreas da língua, arte e cultura portuguesas, sobretudo às artes performativas, onde se quer promover a interacção de gerações, da criação artística e a partilha com outras instituições.
Esta residência irá nascer em terrenos que serão cedidos pela câmara de Lisboa. O local estará praticamente fechado, no entanto, ainda não foi revelado.
“É para mim inequívoco que não cumprimos ainda com muita gente. Com muitas pessoas que são hoje o corpo fundamental da reprodução da nossa cultura, da criatividade, da inovação”, disse o presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, no evento de apresentação da Mansarda, esta quinta-feira. “São vidas fascinantes que são muitas vezes precárias, sujeitos à falta de rede”, notou.
O projecto de arquitectura da residência será da autoria de Carrilho de Graça, que disse estar “ansioso” por começar a trabalhar nele.
O edifício terá também espaço para uma área de actividades, no qual se destaca um auditório de 100 lugares, que terá programação cultural regular, e cujas receitas irão reverter para a gestão da IPSS.